Em matéria do que se chamou "Acordo Ortográfico", sou contra. Absolutamente contra. Nem morto de morte matada ou morrida.



15/07/07

Um blog amigável

«O verbo haver é sempre impessoal se for verbo principal, o que se manifesta inclusivamente na flexão dos seus auxiliares. Só devemos conjugar o verbo haver em todas as pessoas quando é auxiliar: seja com o sentido de ter (ex.: “eles haviam feito”), seja como expressão de intenção (ex.: “eles hão de fazer”)», leio eu num blog amigável, dedicado à língua portuguesa, aquela mesma em que eu me exprimo com tantos erros e carregado de dúvidas! Leio, sim, e animado penso que, mau grado as minhas gralhas e tantas hesitações, eu hei-de aprender e eles hão-de ver como é!

14/07/07

Boneca de trapos

Visitei ontem um museu do que fora em tempos uma fábrica de papel e vi como ele se fazia, primeiro a partir do trapo. Aprendi o que é a marca de água, cerzida em fio de cobre numa trama de onde escorre a água e se aglomera a pasta. Vi-o, ao papel já feito, pendurado nas «tesas» a secar, para ali alçado à força de braços de mulheres. Saí de lá com respeito por cada uma das folhas que desperdiço. Já no final da visita aprendi que o papel se conta não só às «resmas», mas também às «mãos». A fábrica foi criada no século dezanove por uma mulher. Fazia-se de tudo, do papel de embrulho aos cartuxos. Mas aprendi sobretudo o sentido último do «andar ao trapo com um gancho». Mais do que uma expressão, é um modo de vida, como outra coisa qualquer.

09/07/07

O sentir-se

Há numa carta que o Fernando Pessoa escreveu em 4 de Setembro de 1916 para o Armando Côrtes-Rodrigues, na qual, admitindo que «tenho passado estes últimos meses a passar estes últimos meses», proclama, esperançoso que se está «reconstruindo», para o que iria contribuir o retirar o acento circunflexo ao seu apelido, pois o «prejudica o nome cosmopolitamente». Como se já não bastasse para mostrar o que é o ser anímico de uma língua, Nogueira Pessoa remata com um «sinta-se abraçado pelo seu muito amigo e dedicado. «Sinta-se abraçado», eis!