Em matéria do que se chamou "Acordo Ortográfico", sou contra. Absolutamente contra. Nem morto de morte matada ou morrida.



31/12/08

Votos e bençãos

Segundo o Dicionário da Academia, a expressão «fazer votos» rege as preposições – de: «(fazer) votos de boas festas»; – para: «fazer votos para que tudo corra bem». – por: sem exemplo.
Ora eu que recebi tantos e formulei um pouco menos «faço votos que»! Que nestas alturas é como nas eleições, abençoadas seja, vai tudo a votos!
Uma pessoa mete-se com o Dicionário da Academia e faz votos por aprender a escrever, mesmo que sejam postais de fim de ano...

Não só de justiça vive o homem

Não será só a toponímia portuguesa. Mas a nossa torna-se mais gritantemente visível e motivo mais directo de riso. Depois de dois dias de pousio esta manhã a net trouxe-me esta notícia: «A prefeita Izabel Cristina Campanari Lorenzetti, o juiz de direito da 2ª Vara, Mário Ramos dos Santos e o presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) Antonio José Contente vão se reunir com o Secretário da Justiça e da Defesa da Cidadania, Luiz Antonio Guimarães Marrey, para reivindicar a instalação da 3ª Vara em Lençóis Paulista. A audiência está agendada para o dia 14 de janeiro em São Paulo».
Ora assim é que é! Um tribunal entre lençóis, a fantasia de qualquer jurista dorminhoco ou que, para além de justiça, queira um pouco de amor. Bom Ano!
ET: Não acreditam? Vejam aqui.

28/12/08

O nunca ter visto

Ao Brasil deve Portugal a graça de o português ter passado a ter graça.«Nunca dos nuncas vira o Rio de Janeiro», escreve Machado de Assis a propósto de D. Evarista da Costa e Mascarenhas, viúva de um juiz-de-fora e actual consorte do Dr. Simão Bacamarte, médico que deu em alienista e é um personagem de excelência num conto que é a garantia de duas horas bem passadas. Ora aí está uma forma adejante de dizer o que aqui na Mãe Pátria em linguagem camelídea se diria: «jamais»! Ah! Lê-se «jámé». Não é francês! É para os da margem sul!

13/12/08

Segredo e ilusão

Língua pejada de alçapões a nossa. Um alto responsável pela Justiça disse ontem que ia «desiludir» os deputados pois iria manter o segredo de justiça que o impede de fazer grandes revelações. Percebe-se.
Só que, como se sabe o contrário de desiludir é iludir.
Posto isto a frase poderia ser assim: «porque se não fosse o segredo de justiça, senhores deputados, podia iludi-los». Ou não? Com todo o respeito, claro, mas na vida também tem de haver um momento para se brincar.