Em matéria do que se chamou "Acordo Ortográfico", sou contra. Absolutamente contra. Nem morto de morte matada ou morrida.



22/02/09

Um armistício de silêncio

Lia esta manhã, sem augurar o que me esperava, o Reinaldo Ferreira. Era o tempo em que para se ser jornalista era preciso escrever bem. O livro são as aventuras extraordinárias do repórter Kiá, assim cognominado depois de uma vida a indagar «Que há?».
Li, extasiado pela escrita, tão adequada ao ambiente, necessária ao cenário, indispensável a criar contexto, hipnotizado pela narrativa.
Na tasca do Forca, ei-lo o Guapo, «descapturando-se dos braços de Dona Fitas», ela «em curto-circuito de ciumeira», ele o «noctívago excursionista», o «galã-apache atrelado a fêmea». Faltava à história D. Álvaro Medeiros e sua «dama berrante» para tudo terminar em sangue, mortas a dama e a gigolette. O crime surge não muitas páginas adiante. Entre a trapeira e o Avenida Palace, «um armistício de silêncio no meio da algazarra».

18/02/09

Lamento

Lamento, pelos leitores, as gralhas, os erros de concordância, as frases sem nexo, as trapalhadas de estilo. São o fruto da desatenção, do descuido, do cansaço, da ignorância. Muitas vezes só dou conta depois de alertado e mesmo assim não é à primeira que reparo. Lamento por mim ser eu o autor de tudo isso que desfeia a escrita, menoriza quem escreve, maça quem lê. A espantosa língua merecia mais amor, mais dedicação, mais respeito. Há alturas em que prometo emendar-me; outras tenho sorte e sai tudo impoluto. Hoje tem sido uma desgraça de asneiras, um desatino de disparates.