Visitei ontem um museu do que fora em tempos uma fábrica de papel e vi como ele se fazia, primeiro a partir do trapo. Aprendi o que é a marca de água, cerzida em fio de cobre numa trama de onde escorre a água e se aglomera a pasta. Vi-o, ao papel já feito, pendurado nas «tesas» a secar, para ali alçado à força de braços de mulheres. Saí de lá com respeito por cada uma das folhas que desperdiço. Já no final da visita aprendi que o papel se conta não só às «resmas», mas também às «mãos». A fábrica foi criada no século dezanove por uma mulher. Fazia-se de tudo, do papel de embrulho aos cartuxos. Mas aprendi sobretudo o sentido último do «andar ao trapo com um gancho». Mais do que uma expressão, é um modo de vida, como outra coisa qualquer.