Em matéria do que se chamou "Acordo Ortográfico", sou contra. Absolutamente contra. Nem morto de morte matada ou morrida.



11/04/09

La polareda

Voltei ao mirandês, ao livro Las Cuntas de Tiu Jouquin. Li outro conto, de novo a soletrar as palavras, a ouvi-las como um murmúrio dentro dos ouvidos, a tomar-lhes a grafia. Desta vez foi uma história de guardas e de contrabandistas, de despovoamento, do virar do tempo, o relatório «dua tierra zaparcida». Já disse que o autor escreve sob um pseudónimo, o de Francisco Niebro. Lia o narrador tudo o que podia, livros velhos, livros de igreja. «Molhaba l dedo andicador na léngua e ibalos çfolhando debagarico, mas la polareda era tanta que yá me sabie na boca a chapéu bielho».
La «polareda», o pó, em que tudo se torna, mesmo a arrogância das línguas nacionais, ditatoriais. «"... L mirandés ye ua lhéngua que se eidentefica cun personas. Ten rostros». Sim.Tem rosto, tem alma, tem um extraordinário modo de ser.