Em matéria do que se chamou "Acordo Ortográfico", sou contra. Absolutamente contra. Nem morto de morte matada ou morrida.



25/03/09

Pertués pul meio

Há tanto que se perde na vida, tanto que se encontra por acaso. Foi hoje no Círculo das Letras, ali à Óscar Monteiro Torres, porque merendámos perto, um pai e seus três filhos. Lá estavam, discretos, fruto de uma editora que entretanto soçobrou, a Campo das Letras. Escritos em língua mirandesa. Livros. Trouxe um deles, maravilhado: Las Cuntas de Tiu Jouqin, escrito por Francisco Niebro, nome literário de um assistente da Faculdade de Direito.
Magnífica língua esta: «cque me lembra, siempre fui boubico por cuntas. Squecie-me a oubir-las. Mie bó Ana, mie mai e miu pai cuntórun-me muitas. Mas, quando penso en cuntas, lembra-me simpre tiu Jouqin. Moraba a la mie puorta e yá l conheci biello».
O livro lê-se foneticamente, como se italiano fosse, para que a sonoridade baile nos ouvidos. Das narrativas só a última é da autoria do Tiu Jouquin, as outras são ficções em sua homenagem. Ouvidas na língua de Sendin, o Tiu «cuntaba-las siempre an sendinés, mas as la bezes ponie-le uas bozes de pertués pul meio quando falava Dius ó algue pessona amportante».