Em matéria do que se chamou "Acordo Ortográfico", sou contra. Absolutamente contra. Nem morto de morte matada ou morrida.



21/06/08

Bom para imprimir

Caço gralhas, como quem cata saltitonas pulgas, arranca pertinazes carraças, como quem, em noite de insónia, dispara, semi-atarantado, chineladas à toa numa luta de morte com um irritante mosquito.
É a actividade venatória anterior ao escrever o «bom para imprimir», a partir do qual a asneira se torna irremediável.
O pior são as vírgulas, aquelas lágrimas que servem para pontuar a pausa e para separar a ideia, que dão ao leitor cansado a oportunidade de tomar fôlego, e ao escritor confuso a possibilidade de não se perder de vez no que ia para dizer.
Outro dia, ao ler uma gramática novecentista, fiquei deslumbrado com o modo anárquico como se virgulava ali. Qual chuva de perdigotos, era um salpicar delas, até à exaustação do ponto final.
Depois ainda há o ponto e vírgula, bengala para os coxos narradores que encontram ali a forma de descansarem a perna dormente da escrita e não caírem no precipício do ponto final parágrafo.